quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Dois mil e treze

Há quase um ano atrás, resolvi escrever sobre o que eu esperava do ano que transcorreu. Relendo minhas palavras percebi que muitas das minhas expectativas foram alcançadas, enquanto outras se perderam. Mas acredito que o mais sensacional de tudo foi perceber que hoje desejei voltar a escrever sobre o que espero do ano que está por vir. Ou seja, eu quis mais, o que não deixa de ser fantástico, considerando algumas circunstâncias.

Dentro da minha retrospectiva pessoal percebi que sim, eu sorri muito. A autocobrança continuou andando ao meu lado, mas eu me permiti desviar o caminho, vez em quando. E sobre as frustrações? Claro, existiram. Mas minha capacidade de tolerá-las e de superar as mudanças foram um fato muito mais real do que até então eu tinha conseguido alcançar.

Sobre meus avós, confesso. A ausência da minha parte foi muito maior do que a presença. Mas há um detalhe: eu senti que cada encontro foi muito, mas muito lindo. Eu os amo e não os considero como uma segunda família, mas sim parte do primeiro escalão: os melhores. 

Sobre o corpo, a dieta e minha asma obtive um enorme sucesso. E tudo isso sem emagrecer absolutamente nada. Digo que tive sucesso porque aprendi a me perceber de novas formas. Observei que sou linda quando estendo meu auxílio a um idoso frágil com sua super polifarmácia e que parece ter sido esquecido por àqueles a quem um dia chamou de família. Descobri que sou linda toda vez que falo no mesmo idioma destes senhores que nunca puderam se orgulhar de serem descendentes de alemães quando saíam de casa. Descobri que sou mais do que bonita quando abraço e conforto o paciente que perdeu seu companheiro de uma vida toda. Da mesma forma, notei que cada lágrima que brota dos olhos de uma mãe são de puro agradecimento, frente a certeza de que seus filhos estão em boas mãos. Descobri que sou ótima exatamente por ter falhas. E acima de tudo, descobri que sou humana e ando acertando alguns dos tantos pulos que dei durante o ano.

Esqueci o que doía. Me permiti abrir sorrisos novos. Deixei que outras pessoas me conhecessem. Vivi a vida e algumas vezes corri de volta ao quarto escuro, mas sempre voltei. Acima de tudo, acreditei.

Sobre a Psicologia, não há afirmação maior sobre mim do que ela, durante este ano. Cada noite de sono perdida valeu cada linha de aprendizado durante o semestre. Sei sobre o que quero ser quando crescer, e isso me fascina.

Me surpreendi olhando para os lados. Me venci tirando a habilitação. Me libertei esperando menos dos outros. Me amei, estendendo a mão a quem me buscava. Me (re)conheci, todas as vezes em que foi necessário chorar. Me (re)construí, deixando o tempo de ontem para trás. Me decepcionei, frente a desumanização que ainda paira sobre algumas realidades. Vivi, porque a vida não merece nada menos do que isso.

E bem, sobre o tempo de cada coisa? Minha segunda meta de dois mil e doze passou a ser um processo. Talvez o maior pelo qual eu estou me permitindo e desejando passar. Compreender que há um tempo para cada coisa é importante. Mas fundamental é olhar para o meu próprio tempo frente ao que a vida irá me oferecer. O acaso até se responsabiliza por algumas coisas, mas quem comanda o que há de ser sou eu. E quero aprender sempre mais, todos os dias, sobre o que é singular e único: o meu tempo.

Dois mil e doze me surpreendeu muito: me trouxe um novo emprego, um novo amor e novos objetivos. Antes do fim, trouxe lágrimas e me fez compreender que gostar nem sempre basta, afinal o amor é sempre uma via de mão dupla. Mas pensando bem, apesar dos apesares todos o ano foi doce. 

E como diz o Caio "mas que seja bom o que vier, para você, para mim".

Assim sendo, viva 2013, por que todos nós merecemos!

domingo, 23 de dezembro de 2012

Descaminhos

Inevitavelmente, gostamos das pessoas. Esperamos sempre além do que deveríamos, mesmo sabendo que o perigo ronda este caminho. Acreditamos, desejamos, amamos, imaginamos, construímos e, da mesma forma, caímos. Estranho é tentar compreender como a vida se mostra para gente. Traz pessoas incríveis, traz sorrisos, traz abraços e, sem mero acaso algum, te mostra que é hora de seguir outro caminho, mais uma vez. Somos responsáveis pelo que escolhemos e pelo que sentimos. Assim sendo, essas perdas exigem processos. E é preciso se permitir sentir dor. Não para sempre. Mas hoje sim. E até a hora em que estivermos prontos para dar o próximo passo, como sempre deve ser.