sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sobre o sonho de ser Psicóloga.

Desde que tomei consciência de que algum dia eu teria que desenvolver uma profissão, sonhei com a medicina. Fato que hoje me intriga um pouco, afinal a visita ao médico sempre me deixava numa angústia combinada com uma louca vontade de chorar. E confesso, já chorei muito em consultórios médicos.

Bom, depois que optei pela medicina, isso lá pelos sete anos e com pouca ou quase nenhuma informação a não ser uma estranha vontade de estar do outro lado da mesa, ao invés de ser somente um paciente, descobri que eu, depois de muitos anos de estudo, precisaria me especializar em alguma área. E também tive uma das minhas primeiras frustrações em relação ao meu sonho: medicina não era compatível com o orçamento dos meus pais.

Depois dessa minha frustração, minha mãe começou a me falar sobre universidades federais, das quais eu confesso, não entendia muita coisa. Só sabia que se eu realmente quisesse me formar em medicina, eu precisaria estar em uma delas. O tempo foi passando e toda vez que alguém me fazia aquela famosa pergunta:  ‘- O que você quer ser quando crescer?’, eu continuava respondendo:  - Quero ser médica.

No início, já um pouco mais crescida, pensava em me especializar na área da pediatria e mais tarde, tinha o sonho de ser ginecologista. Pois bem, minha mãe alimentava meu sonho e nunca disse que seria impossível, até que eu comecei a me perguntar se realmente era isso que eu sonhava pra mim.

Lá pelos onze ou doze anos descobri o futebol e encontrei algo que me realizava plenamente. Sei que é difícil explicar porque correr atrás de uma bola, ou no meu caso defender uma bola, já que eu era goleira, poderia ser capaz de exercer um fascínio e uma sensação de bem-estar tão grande em uma única pessoa. Não sei explicar, mas eu sei que eu sentia tudo isso e muito mais. Joguei por muitos anos, competi com a escola, ganhei campeonatos, sofri grandes decepções, adquiri amigas, conheci lugares e comecei a repensar sobre o que realmente me dava prazer. Fui convidada a jogar num time semiprofissional, mas devido à distância e a tristes situações que meus pais descobriram envolvendo o técnico do time, não pude iniciar o que, naquele momento, era um dos meus maiores sonhos.

Pois bem, depois de começar a buscar outra alternativa, que na realidade nunca havia sido deixada de lado, afinal eu sempre tive consciência de que jogar futebol poderia me dar prazer, mas eu precisava de algo que me trouxesse um conhecimento teórico e mais aprofundado também. Foi aí que eu descobri a psicologia.

Quando completei quinze anos, minha mãe ficou doente. Foi uma das épocas mais difíceis pelas quais nós passamos. Quando digo nós, me refiro a mim e a minha família. Eu tinha quinze anos recém completados, digamos que uma certa maturidade adquirida pelo trabalho desde os doze anos, mas naquele momento, nada poderia substituir a falta que eu sentia da minha mãe. Era como se ela estivesse completamente alienada em um mundo diferente do real. Foi quando eu descobri que o que ela tinha se chamava depressão e que sim, ela se sentia em um mundo muito diferente do mundo que realmente existia.

Pesquisei sobre o assunto e adentrei em um campo que não era totalmente desconhecido pra mim. Minha professora de artes já havia nos apresentado a atividades relacionadas à psicologia, devido ao curso de arteterapia que ela estava concluindo.

Pois bem, me apaixonei pelo que li e pelo que aprendi com a minha professora. Mas a psicologia me ganhou no momento em que minha mãe começou a fazer terapia com um psicólogo. Era incrível e reconfortante ver ela entrando naquela sessão de um jeito e saindo com o rosto lavado de tanto chorar, mas com um pequeno sorriso, que foi crescendo de sessão à sessão, me dando a certeza de que era isso que eu queria fazer por grande parte da minha vida: proporcionar aos outros aquela luz no fim do túnel que eu via nos olhos da minha mãe, toda vez que ela saía daquele consultório.

Mais tarde, comecei o tratamento também e então não tive dúvidas. Um psicólogo não trata somente de pessoas com transtornos mentais ou loucura, como costumam chamar na minha pequena cidade. Um psicólogo, acima de tudo acredita no sujeito que vem até ele. Ainda mais quando todos os outros deixaram de acreditar.

Hoje eu sei que o meu sonho não era ser médica e sim auxiliar de alguma maneira, ou mesmo ajudar a  cuidar dos outros. E sobre o futebol, acho que foi com ele que eu aprendi que eu poderia ser capaz de conseguir.


*Texto elaborado para disciplina de Orientação Profissional e Desenvolvimento de Carreira, ministrada pela professora Charlotte Beatriz Spode. Pensei em compartilhar com vocês também.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Peça chave.

De repente ela sentiu um frio na barriga. Gostou do toque das suas mãos. Logo em seguida, foi como se tudo ao redor ficasse em silêncio. Depois do beijo, ela quis eternizar o momento. Teve lapsos de consciência e sentiu medo dessa repentina vontade de ficar. Terminou a noite sozinha e voltando pra casa, não pode deixar de lembrar do que acabara de sentir. No fundo, teve muito medo de que o coração lhe pregasse outra peça. Mas sorriu, por ter a certeza de que algumas peças são a chave fundamental de um quebra-cabeça. Ainda mais se ele for capaz de remontar toda uma vida.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Idas e vindas.

O que restou foram nossos olhares em meio a escuridão. Quando a saudade e a espera transbordam, o coração cansa de acreditar e busca na multidão algo que lhe faça esquecer, por pelo menos um momento. No dia seguinte, tentamos nos redimir e voltar a lutar  pelo que realmente é importante, mas palavras nem sempre curam. Descobrimos que temos nosso próprio tempo, e entre o início e o fim, mãos dadas nem sempre são o suficiente.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Só.

Noite de sábado. Programa com as amigas, cabelo arrumado e o coração na mesma. Sorriso no rosto, pra evitar perguntas para as quais você não tem resposta. Bebida, música, pessoas. De um lado, sua amiga engata um papo com o garoto dos olhos bonitos. Do outro, você vê a mesma cena entre um casal de desconhecidos.  É bonito ver a sintonia que envolve aqueles que olham nos olhos um do outro e sabem que é ali que gostariam de ficar, por uma noite ou para sempre. É quase mágico ficar imaginando o coração acelerando, as mãos suando, o rosto ruborizando. E assim, você vai transcorrendo à noite apenas observando o clima de romance, seja ele verdadeiro ou não. No final, com o cabelo desalinhado e com os sapatos na mão, você volta pra casa desejando um pouco disso tudo. E no fundo, fica imaginando o que pode estar acontecendo para que você , há muito tempo, não saiba mais entrar na roda e deixar que alguém segure a sua mão.