quinta-feira, 16 de maio de 2013

Da culpa.

- E o que podemos fazer?

[...]

- Nós podemos tomar uma xícara de chá e fingir que nada aconteceu. Podemos colocar a culpa nos dias frios para justificar a tristeza estampada no rosto. Podemos dizer que a saudade bate vez em quando, por isso choramos. Porém, não há como saber sobre nossas próprias dores sem mergulhar, profundamente, em cada uma delas. Saber costuma ser caminho para descobrir novos meios de enfrentar, todos  os dias, uma das grandes verdades da vida: sofremos e dói sempre mais se assim permitimos, porque a culpa, em parte, também é sempre nossa, gostemos ou não.


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Dias estranhos.

Dias de chuva e cheiro de café. Sentada em sua cadeira de balanço, no lugar mais silencioso da casa, a garota deixa o livro sobre o colo e olha para os primeiros raios de sol da manhã.


Ainda não dormiu.


Ontem a noite chorou, por saber que a beleza de ser só também assusta, vez ou outra. Ela acha que a vida é estranha porque afasta e aproxima e não para nunca. O coração numa montanha-russa reclama, quer dias de paz, quer ter alguém por quem bater, mais uma vez.


Em mais uma noite de insônia, a garota resolve se perguntar: onde foi parar aquele amor? Porque nunca, nunca mais, ela sentiu o coração vibrar? E tem medo, todos os dias, de ter sucumbido aos dias nublados.


Dias difíceis, dias daqueles, onde não há nada que conforte, onde o cansaço domina e as lágrimas rolam soltas. Dias de frio, dias sem você. Dias sem mim.


Dias sem paz.

domingo, 5 de maio de 2013

Acertar o pulo.

Viver implica em fazer escolhas, das mais simples às mais complexas. Do abraço que você resolveu dar até o adeus que nunca soube dizer. Algumas escolhas são cruciais e é sobre elas que eu hoje penso. Sinto que o momento chegou faz um tempo e que desde então a solidão anda se tornando cada vez maior. Todos os dias é necessário abrir mão de inúmeras coisas que até então sempre foram boas, mas hoje já não trilham mais um caminho semelhante ao que você escolheu. Amigos vão se perdendo, finais de semana são tomados por livros, o diálogo com a família vai diminuindo e a lágrima que denuncia um esgotamento emocional está à espreita. Lhe condicionaram a acreditar que é deste tipo de esforço que às pessoas precisam para alcançar objetivos maiores e no fundo você compactua com a ideia. O difícil, porém, é lutar contra si mesmo. Contra o medo de perder às pessoas que tanto significaram, com o medo de, ao alcançar o objetivo, não encontrar mais o significado que um dia ele já teve para você. A vida nunca teve um manual e ando percebendo que escolhas também implicam em perdas. A maior luta, provavelmente, não está com o outro que corre em busca do objetivo semelhante, mas sim em nós mesmos. Fechados à mudança nos lamentamos pelo que fica e perdemos o que há de mais importante: é agora que vamos construir o amanhã, mesmo que por vezes soframos com cada uma das perdas pelas quais iremos passar. No fundo, acho que vale a pena, independente do sentido que o futuro adquire para cada um. Assim como o fim, ele é inexorável e chega. Sempre chega.