domingo, 31 de janeiro de 2010

Nosso tempo

"Não há nada melhor do que o tempo!"
Quem já não ouviu essa frase?
E acredito que, de alguma forma ou outra,
todos nós concordamos com ela.
O tempo muitas vezes nos confunde.
Nos trai.
Nos machuca.
Mas ao mesmo tempo nos muda.
Nos fortalece.
Nos dá esperança.
Há certas coisas que nós insistimos em querer agora.
Não há tempo para esperar.
Qualquer segundo já é uma eternidade.
O amor é assim.
Estamos tão carentes de afeto que desejamos que o amor seja pra ontem.
Não respeitamos mais prazos (se é que eles existem), pulamos etapas,
dizemos "eu te amo" como se estivéssemos dizendo "bom dia!"
Não temos paciência. Temos pressa. Quanto antes melhor.
"Se ele não me ligar hoje, desisto!"
Sendo que vocês apenas se conheceram ontem.
Essa ânsia de preencher um vazio,
onde muitas vezes nem sabemos qual é a real necessidade,
nos faz ter tanta pressa.
Não nos damos mais o direito de pensar. De avaliar a situação.
De deixar o tempo mostrar o rumo de uma história.
Lutamos contra ele, quando na verdade ele deveria ser nosso maior aliado.
O tempo também cura.
E quando cura, ele é o mais longo de todos os tempos.
Um dia, aquele amor que começou no atropelo de emoções acaba.
(E na maioria das vezes, cedo demais.)
E agora, o que fazer?
Ah, o tempo...
Recorremos à ele, como se tudo que nos aflige
fosse capaz de terminar com a sua ajuda.
(E na maioria das vezes, é assim.)
Antes o tempo era longo demais.
Agora é dolorido demais.
Antes o tempo era desnecessário.
Agora é a única salvação.
"E quanto tempo eu preciso para me curar?"
Pergunta tão comum. Resposta inexistente.
O tempo de retiro é único a cada pessoa.
Há aqueles que se libertam rápido.
Mas há outros que possuem uma necessidade
(e essa necessidade é muito importante)
de um longo tempo para esquecer.
Precisam abrir todas as feridas e chorá-las
até que tenham força suficiente para
fechá-las novamente.
Ninguém pode estabelecer um limite
para curar a dor, a não ser, nós mesmos.

Esse tempo é necessário e fundamental
para que cada um possa, da sua maneira,
deixar que toda dor saia do centro das atenções.
Por que é isso que o tempo faz.
Ele não tira a dor.
Ele não apaga as marcas.

Ele só desvia a atenção, muda o foco,
para que um novo tempo,

diferente dos outros,
possa voltar a reinar em nossas vidas.

Não deixe que o tempo de solidão se estenda demais.
Sofra o necessário. Chore quanto precisar.
Mas continue. Busque a felicidade em outros caminhos.
Viva. Mude. Sorria mais uma vez.
Todo tempo sempre nos ensina muito.
Então siga em frente e mostre a todos
e a si mesmo, tudo de novo que você aprendeu.





"Urgência emocional. Pronto-socorro do amor.
Atiramos para todos os lados e somos baleados por qualquer um.
E o coração leva um monte de pontos por causa dessa tragédia: pressa."
(Martha Medeiros)



"Somos pessoas que buscam o sentido da vida
e que convidam a embarcar nessa viagem
aqueles que não se preocupam de onde a viagem parte,
mas pra onde ela nos leva"
(Martha Medeiros)



"A solução é voltar ao marco zero.
Desaprender para aprender.
Deletar para escrever em cima.
Houve um tempo em que eu pensava que, para isso
seria preciso nascer de novo, mas hoje sei
que dá pra nascer várias vezes nesta mesma vida.
Basta desaprender o receio de mudar"
(Martha Medeiros)

domingo, 24 de janeiro de 2010

Meu passado mais recente...

Ando tão diferente mas ao mesmo tempo tão igual.
Minhas certezas estão cada vez menores.
As dúvidas, infelizmente, me assombram.
A felicidade está se instalando grandiosamente em minha vida.
Mas na mesma proporção continuam me desolando os tormentos.
Muitos caminhos já foram percorridos.
Muitas histórias tiveram um final. (nem sempre feliz)
Num passado recente muitas pessoas importantes me deixaram.
Ou quem sabe eu tenha partido...
Do que eu sinto mais falta?
Eu sinto mais falta de mim mesma.
De como eu era antes.
De como eu acreditava em sentimentos...
Não que hoje eu não acredite. Mas me sinto mais cautelosa em relação à eles.
Agora que tudo terminou o que eu mais queria era poder aniquilar
todo esse sentimento dentro de mim.
Mas ao mesmo tempo me consome uma louca vontade de começar tudo outra vez.
Eu queria recuperar aquele jeito de sorrir.
Eu queria sentir aquela estranha sensação de conforto sem motivo aparente.
Queria ter aquele brilho nos olhos.
Acreditar que as relações podem ser sinceras.
Mas ao mesmo tempo em que eu quero tudo isso, eu não quero nada.
Não quero mais expectativas.
Não quero mais desilusão.
Não quero mais caminhos sem direção.
Preciso do meu luto. Do meu tempo. Da minha reconstrução.
Não adianta tentar mudar a direção se o foco continua o mesmo.
Não adianta criar novas relações superficiais, se nesse momento,
eu não consigo
nem gostar de mim mesma.
Sei também que não adianta se fechar dentro de uma bolha,
achando que o mundo vai parar enquanto eu não for capaz de me sustentar.
Sei que é preciso deixar a nova luz brilhar.
Que se isolar não é o melhor remédio.
Mas eu preciso desse meu luto.
Me deixem sangrar. Me deixem chorar. Me deixem sofrer pelo tempo necessário.
Não me abandonem totalmente.
Mas não exijam de mim felicidade plena, como
se nada tivesse terminado em minha vida.
Tudo que vai embora antes do tempo previsto sempre leva uma
parte de nós.
Achei que estava preparada para esse momento.
Mas quando ele chegou percebi que nunca estamos suficientemente preparados.
Agora é seguir.
Reconstruir os pedacinhos perdidos pelo caminho.
Pareço igual.
Mas tudo está diferente mais uma vez.







"Foram-se os amores que tive
ou me tiveram:
partiram
num cortejo silencioso e iluminado
O tempo me ensinou
a não acreditar demais na morte
nem desistir da vida: cultivo
alegrias num jardim
onde estamos eu, os sonhos idos,
os velhos amores e seus segredos.
E a esperança - que rebrilha
como pedrinhas de cor entre as raízes"
(Lya Luft- Perdas e Ganhos)




"Saudade a gente tem é dos pedaços da gente que ficaram pelo caminho.
Poderia pegar o telefone e chamá-lo,
vamos nos ver mais uma vez,
e talvez ele respondesse sim,
também estou sentindo a sua falta,
e lá iríamos rumo a um local qualquer,
onde recordaríamos aquela
paixão que prometia,
mas que foi insuficiente para se cumprir.
Parece fácil, mas choro um pouco mais,
pois ele tem também seu pedaços
para resgatar,
e os dele não estão onde perdi os meus"

(Martha Medeiros - Divã)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Amor (?)

Dentre todos os sentimentos que me habitam, você parece ser o maior.
O que me traz mais alegrias.
O que é capaz de me fazer sorrir sempre.
Aquele que preenche o vazio interior que me invade em certos momentos.
Aquele que eu entrego à tantas pessoas que o retribuem (ou não).
Pessoas que são capazes de me fazer verdadeiramente feliz.
Mas o amor é ao mesmo tempo tão controverso.
Fonte de emoção e alegria, mas também de dor. Muita dor.
Inúmeros são aqueles que tentam te definir.
Criam as tais "fórmulas da felicidade", como se já não bastassem as da matemática.
Fórmulas que não estão preparadas para eventuais contratempos,
tão comuns quando falamos de amor.
Ama-se por motivos involuntários.
Peça à um apaixonado, ou um amigo fiel,
ou alguém que ame muito seus familiares, para que ele
cite bons argumentos que o levaram ao amor
e terás belas surpresas.
Podem citar o carinho recebido, o coração acelerado,
a beleza dos momentos compartilhados, a presença constante,
entre tantos outros.
Mas o real motivo do amor, aquele que causa
tantos turbilhões em cada ser,
esse é único e exclusivo de cada um.
Eu confesso que gostaria que o amor sempre fosse bom.
Que fosse suficiente.
Que não causasse dependência em mim e nem em ninguém.
E o principal: que fosse recíproco.
Todo ser humano quer amar e ser amado.
A necessidade de cada um é o que varia.
Mas aquela ânsia de dar e receber amor está
inserida dentro de cada um de nós.
E não estou me referindo apenas do amor entre parceiros
que criam um relação de marido e mulher, namorado e namorada.
Falo de relações familiares, pais e filhos, irmãos,
amigos, colegas de escola, de trabalho...
Estar em um ambiente amoroso é muito mais prazeroso
do que viver em meio ao caos, convivendo com o egoísmo, o desprezo,
a indiferença e tantos outros que acabam definhando
a capacidade de amar do ser humano.
Eu sinto falta de amor em alguns ambientes em que vivo.
Acho que todo mundo um dia sentiu ou irá sentir o mesmo.
Sinto falta do olhar carinhoso, do afeto sincero,
do abraço acolhedor, da palavra amiga...
Quem sabe depois de tudo, eu tenha bloqueado a criação
de novas fontes de amor nesse ambiente.
Quem sabe eu prefira me esconder, tendo medo de machucar
com a minha forma de amar.
Eu sei que a culpa não é apenas de uma pessoa.
Nem sei se poderíamos culpar alguém.
Somos meras vítimas desse sentimento chamado amor,
que nem sempre pode ser expressado e sentido da melhor maneira.
Preciso aprender muita coisa ainda. E tenho plena consciência disso.
Não me culpe por ser indiferente.
Por calar-me quando o melhor seria falar.
Foi você mesmo quem construiu esse muro entre nós e eu apenas o sustentei.
Todas as vezes que decidia enfrentá-lo,
e estava realmente disposta a acabar com essa barreira, você me repelia.
Me machucava.
Me enfraquecia.
Sugava toda minha esperança.
Decidi esquecer que o muro existia.
Mas ao mesmo tempo esqueci o conteúdo que estava do outro lado.
Me dê tempo para voltar.
Me dê tempo para reunir minhas forças mais uma vez.
Quem sabe o que eu mais preciso agora é que você se disponha a atravessar até o outro lado.
Venha me buscar.
Eu tentei chegar até você. Você me expulsou.
Apesar de tudo eu ainda espero ansiosamente pela sua vinda.
Só não se esqueça de que uma parcela do meu amor já foi perdida pelo caminho.
Quem sabe você pode trazê-lo de volta?






"Ei pai, olhe para mim
Pense de novo e converse comigo
Eu cresci de acordo com seus planos ?
Você acha que eu estou perdendo meu tempo
fazendo as coisas que eu quero fazer ?
Mas dói quando você desaprova tudo
E agora eu dou duro para ser bem sucedido
Eu só quero te deixar orgulhoso
Eu nunca vou ser bom o bastante para você
Eu não posso fingir que eu estou bem
E você não pode me mudar

Porque nós perdemos tudo que temos
Nada dura pra sempre
Desculpe,
eu não posso ser perfeito
Agora é tarde demais,
e nós não podemos voltar atrás
Desculpe-me
eu não posso ser perfeito

Eu tento não pensar
Sobre a dor que eu sinto por dentro
Você sabia que era meu herói ?!
Todos os dias que você passou comigo
Agora parecem tão distantes
E parece que você não se importa mais

Nada vai mudar as coisas que você disse
Nada vai fazer isto ficar bem de novo
Por favor, não vire as costas
Não consigo acreditar que é difícil
só falar com você
Mas você não entende"
(Simple Plan - Perfect)





terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Meu Silêncio...

Estou em silêncio. Ao meu redor todos falam.
Falam muito. Falam alto. Estão alegres.
E eu estou escutando. Apenas isso.
Ouvindo tudo. Prestando atenção a cada detalhe.
Estou feliz entre as pessoas. Mas continuo em silêncio.
Me abordam. Recriminam!
-"Anime-se! Fale alguma coisa! Você sempre parece triste"
Eu sei que, geralmente, em momentos tristes, procuramos o silêncio.
Procuramos nos isolar. Tentamos nos esconder, fugir da dor que nos consome.
Eu já fiz isso. E farei novamente se necessário.
Foi nesse esconderijo que eu descobri que silêncio também é vida.
É descoberta. É interiorização. É felicidade.
É um achar daquilo que eu nem sabia que buscava.
O silêncio, com certeza, traz momentos bons.
Nele você é capaz de escutar até o seu próprio coração.
Em nossa sociedade, ainda não compreendem que recolher-se
em busca de si mesmo, não é apenas sinal
de doença ou angústia.
Recolher-se a si mesmo é uma busca.
Uma renovação interna necessária a cada ser humano.
Essa renovação pode ser feita de diversas formas.
E o silêncio é uma delas.
Há pessoas que viajam, que lêem um bom livro,
que escutam música, que assistem um filme...
E é assim que buscam sua renovação.
Não condenem o meu silêncio. Ele me faz um bem incalculável.
Assim como eu pretendo, dentro dos meus limites e conceitos,
não condenar qualquer forma que você julgar necessária
para encontrar e sentir o seu próprio interior.
A busca pelo próprio eu é o que vale.
A forma como cada um a realiza não é algo que eu possa ou deva julgar.
Não me peçam para sorrir a todo momento.
Não me forcem a falar quando vocês sabem que eu prefiro escutar.
Entendam que eu preciso de um tempo para curar certas feridas que ainda estão expostas.
E esse tempo é meu. Só meu.
Não quero de forma alguma rejeitar ou diminuir
a companhia de vocês em minha vida.
Por que eu sei que ela foi fundamental nesse processo de reconstrução.
E continuará sendo muito importante para mim.
Só peço que entendam que meu silêncio me faz bem!
Eu não estou sempre triste!
Estou feliz, apenas ouvindo, o que vocês dizem.
Sempre estarei disposta a dar minha opinião e sempre divido ela com vocês.
Tentem compreender que meu silêncio faz parte
da minha trajetória de perdas e ganhos,
onde eu continuo tentando entender para que lado
a balança pende mais.
E acreditem. O silêncio que se instalou em mim,
foi um dos maiores bens que eu adquiri.
É ele que me acompanha sempre. Em qualquer situação.
É ele que vai me conduzindo durante minha busca incessante pela felicidade.
Eu me permito ser feliz.
Mas em silêncio.
É assim que eu me sinto bem.