domingo, 24 de janeiro de 2010

Meu passado mais recente...

Ando tão diferente mas ao mesmo tempo tão igual.
Minhas certezas estão cada vez menores.
As dúvidas, infelizmente, me assombram.
A felicidade está se instalando grandiosamente em minha vida.
Mas na mesma proporção continuam me desolando os tormentos.
Muitos caminhos já foram percorridos.
Muitas histórias tiveram um final. (nem sempre feliz)
Num passado recente muitas pessoas importantes me deixaram.
Ou quem sabe eu tenha partido...
Do que eu sinto mais falta?
Eu sinto mais falta de mim mesma.
De como eu era antes.
De como eu acreditava em sentimentos...
Não que hoje eu não acredite. Mas me sinto mais cautelosa em relação à eles.
Agora que tudo terminou o que eu mais queria era poder aniquilar
todo esse sentimento dentro de mim.
Mas ao mesmo tempo me consome uma louca vontade de começar tudo outra vez.
Eu queria recuperar aquele jeito de sorrir.
Eu queria sentir aquela estranha sensação de conforto sem motivo aparente.
Queria ter aquele brilho nos olhos.
Acreditar que as relações podem ser sinceras.
Mas ao mesmo tempo em que eu quero tudo isso, eu não quero nada.
Não quero mais expectativas.
Não quero mais desilusão.
Não quero mais caminhos sem direção.
Preciso do meu luto. Do meu tempo. Da minha reconstrução.
Não adianta tentar mudar a direção se o foco continua o mesmo.
Não adianta criar novas relações superficiais, se nesse momento,
eu não consigo
nem gostar de mim mesma.
Sei também que não adianta se fechar dentro de uma bolha,
achando que o mundo vai parar enquanto eu não for capaz de me sustentar.
Sei que é preciso deixar a nova luz brilhar.
Que se isolar não é o melhor remédio.
Mas eu preciso desse meu luto.
Me deixem sangrar. Me deixem chorar. Me deixem sofrer pelo tempo necessário.
Não me abandonem totalmente.
Mas não exijam de mim felicidade plena, como
se nada tivesse terminado em minha vida.
Tudo que vai embora antes do tempo previsto sempre leva uma
parte de nós.
Achei que estava preparada para esse momento.
Mas quando ele chegou percebi que nunca estamos suficientemente preparados.
Agora é seguir.
Reconstruir os pedacinhos perdidos pelo caminho.
Pareço igual.
Mas tudo está diferente mais uma vez.







"Foram-se os amores que tive
ou me tiveram:
partiram
num cortejo silencioso e iluminado
O tempo me ensinou
a não acreditar demais na morte
nem desistir da vida: cultivo
alegrias num jardim
onde estamos eu, os sonhos idos,
os velhos amores e seus segredos.
E a esperança - que rebrilha
como pedrinhas de cor entre as raízes"
(Lya Luft- Perdas e Ganhos)




"Saudade a gente tem é dos pedaços da gente que ficaram pelo caminho.
Poderia pegar o telefone e chamá-lo,
vamos nos ver mais uma vez,
e talvez ele respondesse sim,
também estou sentindo a sua falta,
e lá iríamos rumo a um local qualquer,
onde recordaríamos aquela
paixão que prometia,
mas que foi insuficiente para se cumprir.
Parece fácil, mas choro um pouco mais,
pois ele tem também seu pedaços
para resgatar,
e os dele não estão onde perdi os meus"

(Martha Medeiros - Divã)

Um comentário:

  1. 'Saudade eu tenho do que não nos coube (...) O meu pior e o seu melhor, ficaram sem ser apresentados.'

    Saudade do que não aconteceu verdadeiramente (?) mas que já estava construido dentro de nós. Estavam lá as flores, os sorrisos e uma felicidade pronta pra acontecer. Outro dia porém, como se você tivesse acordado em outro corpo, todas essas certezas lhe abandonam. As folhas perdem a cor, o dia o encanto e as pessoas o brilho, você está sozinha outra vez e tudo que mais quer é se esconder pra que não aconteça mais.

    Dizer que é preciso levantar a cabeça, fazer de conta que nada aconteceu é de fato desrespeitar os sentimentos. Mesmo a dor, precisa ser lembrada de forma que não traga resistência para o novo que chegará futuramente. Se tudo agora está quebrado, resta lembrar direito e acima de tudo aceitar o que ainda está aí dentro.

    Não é preciso se mutilar, mas deixar que sangre o tempo que for necessário é vital. E depois de mais essa, o novo, o novo, o novo! Quantas vezes for necessário. Amadurecemos, apodrecemos e viramos semente outra vez. É um ciclo diferente do que nos ensinaram, um ciclo próprio, criado por nós. Não precisamos de regras para amar, muito menos pra sofrer. Então, não se apresse nem se distraia, o tempo está todo a nosso favor.


    Beijo Muri*-*

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