quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sim pra mim. Sim pra nós.

Então chega mais perto, me beija, me invade, me faz esquecer dos limites desse tempo, me  abraça e me protege, me olha e cuida de mim. Não se afaste que eu me perco. De mim, de você, do mundo, e sou capaz de fugir para um lugar sem volta, sem amor. Fica comigo, sem data, sem horário, sem final feliz ou infeliz. Agora, só agora sinta comigo e perceba o quanto vale a pena, ou simplesmente deixe eu tentar te mostrar. Vamos aproveitar este durante, evitando o passado e o futuro. Me dê a mão, caminhe comigo, fuja, sorria, chore, porque sim, eu quero chorar com você também. Sem medo, sem vergonha, é só deixar fluir, é só sentir, ser humano, ser amado e amar. Amar muito, porque sempre gostei de tudo que é extremo. Por isso pode invadir, pode me perturbar, pode arrancar de mim um sorriso e me deixar corada de pura timidez. Estou me permitindo. Estou te aceitando. Estou existindo dentro de tudo isso. Só o que não pode, é abandonar o barco antes da viagem estar completa, ou antes do primeiro pôr-do-sol chegar. Eu prometo ficar. E você, fica também?

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Estranho

Nunca houve uma necessidade enorme de que você se mostrasse além do que meus olhos podem ver. Eu não esperava que fosses um herói ou um desses príncipes que salva a bela donzela em um final feliz.
Eu apenas esperava compartilhar bons momentos, sentir e dar felicidade, sem pretensões, sem expectativas, deixando que o desenrolar de tudo mostrasse aonde este início iria chegar. Sei que auto-afirmação é algo que todo ser humano, em algum momento, vai buscar. E é claro que poderia acontecer em uma situação constrangedora. Mas fico tentando imaginar em que momento dei a entender que você precisava me oferecer mais (ou menos) de tudo aquilo que compartilhávamos juntos. Porque na realidade, a quantidade de sentimento nem é o x da questão, afinal meu desejo era partilhar e não comparar quem doa ou recebe mais. Posso ter dado um passo em falso, ter demonstrado ansiedade, ou simplesmente ter decepcionado qualquer tipo de expectativa que você criou sobre mim. Assim como você pode ter feito o mesmo. Hoje não posso precisar o que houve, mas sei que há algo estranho dentro de um caminho que tinha tudo para ser promissor. Não vou buscar culpados, porque sei que a questão transcende esse limite entre ter, ou não ter razão. Espero que na hora certa, a resposta apareça para nós dois.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ir. Partir. Voar.

- Você vai embora?
- Sim, parcialmente sim.
- Quando partimos é pra sempre, com tudo, não é?
- Não. Acho que não.
- Você não vai mais estar por perto. Eu vou te perder.
- Nunca. Perder é algo que não combina com partir. Não pra mim.
- Não pra nós.
- Vou sentir saudades.
- Eu também. Muita. Mas você vai comigo.
- Vou?
- Sim. Vai dentro. Vai muito. Vai ao meu lado.
- Eu vou ficar com você. Aqui, sempre.
- É.
- Bem aqui. Bem lá. Em qualquer lugar.
- Me liga?
- Todo dia. Em silêncio.
- Eu vou te ouvir, mesmo assim.
- Eu sei. Por isso que não é o fim.
- Eu acredito em você.
- Eu também. Muito. Sempre.
- Longe.
- Ou perto.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

É tudo azul.

Lá está ela. Sentada na janela, de braços cruzados abraçando as próprias pernas, como quem abraça por amor, observando os pingos de chuva que caem ao seu lado. Tão perto. Tão pequenos. Tão transparentes. Ao pensar em transparência a garota sorri sem saber. Num passado recente, dias de chuva a deixariam cinza, trazendo exatamente tudo que a cor remete. Porém naquela tarde de domingo, ela sentava na janela esperando o azul do céu voltar. Porque mesmo sem ter certeza nenhuma, ela sabia que depois de uma, duas, ou quantas semanas de chuva fossem necessárias, o céu do azul mais lindo, estaria novamente no mesmo lugar. Sempre acima, sempre no alto. Para que ela nunca se esqueça de levantar a cabeça mais uma vez e dessa forma deixar que a luz transpasse o seu olhar e inunde tudo, tudo e tudo que  existe por aqui. Brilha o sol, vem o azul. E a garota sorri, sem saber.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Uma luz

Toda noite, ao deitar a cabeça em seu travesseiro e sumir por baixo do seu edredom, sinônimo de conforto e segurança, ela devaneia sobre seus dias. Insistentemente, a mesma pergunta aparece. Avalia se amar e amar muito, é realmente o caminho que deve seguir. Numa certa noite, ao fazer a mesma indagação, deve ter lido em seus livros, ou ouvido em alguma música, ou simplesmente chegado a tal da resposta.  Não sabendo bem como a reconheceu, apenas lembra das seguintes palavras: Quem sabe você, por pelo menos um instante, tenta amar menos e deixa que alguém te ame mais. Depois disso adormeceu, e soube que no outro dia o sol voltaria a brilhar mais uma vez.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Via de mão dupla

Às vezes me pego pensando porque voltas para relembrar o que houve, bem quando eu começo a me desvencilhar da nossa história. Por outro lado, começo a acreditar que estou me recuperando muito bem, pois já evito te procurar ou quem sabe depender da tua atenção. Eu estou adorando ser livre, de uma maneira que nunca imaginei, e é a partir dessa  sensação boa que começo a colocar um ponto final em nós. Sei que falas e sei que ainda dói. Mas ao mesmo tempo, sei que agora eu também vou falar e também vou me impor, lhe mostrando que às coisas mudaram, e que, definitivamente, eu não quero mais a nossa história. Me abalo sim, e não nego. Ainda sinto muitas coisas aqui dentro. Mas seguir adiante, depois de uma boa noite de sono, já começou a ser muito mais fácil. Um dia tudo acaba e começa de outro modo, em outro lugar. Espero que aconteça pra você também. Porque não sou só eu que preciso seguir em frente.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Juntos e livres

Eram os dois. Somente os dois. Falavam sobre a vida, sobre sentir, sobre a sensação indescritível de amar e ser amado em plenitude, por si só, sem motivos, sem exigências, sem cobranças, apenas amor. Sobre a certeza de saberem que são humanos e que (sim!) em algum momento haveria uma falha, haveria um descuido e o que era doce (porque sempre deve ser doce), poderia ter uma queda brusca. Mas ao mesmo tempo, falavam sobre  a  certeza de que mesmo com todas às possibilidades que o mundo e às pessoas lhes ofereciam, eles voltariam para o mesmo abraço no final da tarde. Porque amar é isso, saber das possibilidades, mas reafirmar todo dia a escolha já feita.  Mesmo  quando o silêncio era o tudo e o nada, assim se aceitavam, se respeitavam, se amavam. Hoje os dois não são um. Continuam sendo dois. Porque o par junta, não afasta. Continuam relembrando todos os dias, que estarão sujeitos aos desatinos que a vida pode impor, e mesmo assim, cultivam a certeza de que o preço vale a recompensa. E está durando, porque eles sabem que apenas o amor não sustenta. O que sustenta, é acreditar na capacidade que cada um possui de viver sua própria individualidade, sem deixar de pensar um segundo sequer, no quanto o amor pode trazer liberdade à uma pessoa e, ao mesmo tempo, juntar duas vidas.