Eram os dois. Somente os dois. Falavam sobre a vida, sobre sentir, sobre a sensação indescritível de amar e ser amado em plenitude, por si só, sem motivos, sem exigências, sem cobranças, apenas amor. Sobre a certeza de saberem que são humanos e que (sim!) em algum momento haveria uma falha, haveria um descuido e o que era doce (porque sempre deve ser doce), poderia ter uma queda brusca. Mas ao mesmo tempo, falavam sobre a certeza de que mesmo com todas às possibilidades que o mundo e às pessoas lhes ofereciam, eles voltariam para o mesmo abraço no final da tarde. Porque amar é isso, saber das possibilidades, mas reafirmar todo dia a escolha já feita. Mesmo quando o silêncio era o tudo e o nada, assim se aceitavam, se respeitavam, se amavam. Hoje os dois não são um. Continuam sendo dois. Porque o par junta, não afasta. Continuam relembrando todos os dias, que estarão sujeitos aos desatinos que a vida pode impor, e mesmo assim, cultivam a certeza de que o preço vale a recompensa. E está durando, porque eles sabem que apenas o amor não sustenta. O que sustenta, é acreditar na capacidade que cada um possui de viver sua própria individualidade, sem deixar de pensar um segundo sequer, no quanto o amor pode trazer liberdade à uma pessoa e, ao mesmo tempo, juntar duas vidas.
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