Lá está ela. Sentada na janela, de braços cruzados abraçando as próprias pernas, como quem abraça por amor, observando os pingos de chuva que caem ao seu lado. Tão perto. Tão pequenos. Tão transparentes. Ao pensar em transparência a garota sorri sem saber. Num passado recente, dias de chuva a deixariam cinza, trazendo exatamente tudo que a cor remete. Porém naquela tarde de domingo, ela sentava na janela esperando o azul do céu voltar. Porque mesmo sem ter certeza nenhuma, ela sabia que depois de uma, duas, ou quantas semanas de chuva fossem necessárias, o céu do azul mais lindo, estaria novamente no mesmo lugar. Sempre acima, sempre no alto. Para que ela nunca se esqueça de levantar a cabeça mais uma vez e dessa forma deixar que a luz transpasse o seu olhar e inunde tudo, tudo e tudo que existe por aqui. Brilha o sol, vem o azul. E a garota sorri, sem saber.
Nada mais belo que perder-se no próprio sorriso. Esses sorrisos sem saber, são os que no fim, sempre acabam nos dizendo mais do que imaginamos.
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