Hoje era dia de sol e foi então que ela soube que era necessário deixar que a luz voltasse a fazer parte dos seus dias. Juntou cartas, fotos, presentes e resolveu que era hora de se despedir de mais uma história sem final feliz. Também chorou, como alguém que chora frente à perdas não planejadas. Sentiu a mesma dor de sempre: sem nome, sem rosto, sem definição. Dor esta que a afasta de novos momentos de paz por causar um tamanho cansaço, uma vontade de nada e um desejo de silêncio, produto deste coração partido, mais uma vez. Porém, não há culpa, afinal a história mereceu cada sorriso enquanto aconteceu. Não há rancor, porque o amor nem sempre encontra sentido em ambos. Há só uma tristeza e um medo de que o momento de realização plena não aconteça, ou chegue tarde demais. Dentre algumas certezas que ainda permanecem, está aquela que diz: é hora de se recolher e voltar a buscar a compreensão necessária frente ao tempo de cada coisa. O momento há de chegar, porque a vida sempre volta a surpreender. Enquanto isso, a garota esvazia as gavetas, cuida do coração e segue acreditando na luz. Se bastará com o que pode ter agora, porque sobre o amanhã ninguém sabe.
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