sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Detalhe final...

"O meu olhar é nítido como um girrasol
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para direita e para esquerda,

E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se faz para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.

Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Por que quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência não pensar..."
(Fernando Pessoa)



Eu precisava encerrar minhas postagens de 2009
com esse maravilhoso poema de Fernando Pessoa.
Ele e toda sua magnificência são capazes de transformar
palavras em perfeitas simetrias a cada um de nós.


Agora aguardamos 2010.
Braços abertos desde já. Que ele venha.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ano Novo...

...Vida Nova! (??)

Ano Novo é sinônimo de vida nova.
Novos sonhos.
Novos desejos.
Novas metas.
Novo amor.
Quem sabe novo emprego, nova escola, novo carro, nova casa e assim sucessivamente.
A véspera do dia 31 de Dezembro cria um ritual contínuo,
onde o comércio enche suas prateleiras de Espumantes {com preço elevadíssimo, geralmente}
e os frenéticos consumidores o compram rapidamente, afinal o que seria do ano novo sem o famoso brinde ao soar da meia - noite?
O consumismo já está instalado. Não há como recorrer.
O detalhe da questão é, por que sempre precisamos esperar até a meia- noite do dia 31 de Dezembro para podermos expressar com muita convicção: FELIZ ANO NOVO! (?)
Por que esperamos ansiosamente por essa data, fazendo planos para o próximo ano, decidindo o que vai mudar, o que vai continuar...
É como se todos nós estivéssemos abduzidos por um clima diferente, que desperta essa vontade de mudar, de inovar, de largar o velho e iniciar o novo.
Muitos afirmam com extrema convicção que ao soar do Ano Novo vão mudar sua vida.
Fazem planos de como desejam ser. Querem tudo novo. Só esquecem do principal.
Esquecem de deixar o velho pra trás. Não cortam as raízes e continuam podando apenas as folhas, pois ainda é mais fácil ver apenas o exterior do problema. Se aprofundar é perigoso demais pra quem tem pressa em ter sempre o novo por perto.
Pode- se facilmente mudar a embalagem de um produto. Mas em algum momento, por mais insignificante que ele possa ser, alguém vai explorar o conteúdo e então perceberá que absolutamente nada mudou.
Você mesmo vai perceber que lhe falta algo.
Tu podes ter mudado o visual. Emagrecido 10 kg, comprado roupas novas e inúmeros outros supérfluos que escondem o vazio interior. Mas inevitavelmente, você continuará sendo o mesmo.
Aquele com mudanças externas, mas com convicções internas mais fortes do que nunca.
Se for pra ser novo, que seja novo por completo.
Valorize o conteúdo. Mude a embalagem, que isso não faz mal, mas não fixe a idéia de que isso basta.
Mude o sentimento. Isso é que faz toda a diferença.
Arrisque!
Tente!
Viva!
Lembre sempre de cultivar a mudança. Não mude apenas entre o dia 31 de Dezembro e 1º de Janeiro.
Mude de acordo com o que você deseja e acredita ser o melhor.
Leva-se (muito) tempo para deixar o velho em seu devido lugar.
O ser humano sempre se apega muito ao passado, tentando encontrar nele a felicidade futura.
Triste engano. Do passado só se leva o que nos acrescentou algum conhecimento.
O resto, decididamente é o resto. Insensível, sim! Mas, infelizmente é a realidade.
Se for pra mudar, então mude hoje e sempre.
Mude o que julgar necessário.
Mude pra melhor.
E o primeiro passo dessa mudança é aceitá-la, para que depois do dia 1º de Janeiro, você ainda possa gritar com toda força e convicção:
- Feliz Ano Novo!
- Feliz Vida Nova!
-Feliz Novo eu!



"Voa um par de andorinhas, fazendo verão.
E vem uma vontade de rasgar velhas cartas, velhos poemas,
velhas contas recebidas. Vontade de mudar de camisa, por fora
e por dentro...
Vontade...para que esse pudor de certas palavras?...
Vontade de amar, simplesmente"
(Viração - Mario Quintana)



À todos, um Feliz Natal e Ótimo Ano Novo! (meio adiantado, mas necessário)
Que a perspectiva de mudanças seja algo constante na vida de cada um de nós.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Irrevogável...

Um turbilhão de sentimentos te invadem.
As dúvidas reaparecem.
As certezas somem.
Tudo aquilo que você julgava ter desaparecido, voltou.
Simplesmente ressurgiu sem nenhum aviso prévio...{dizem que a realidade é assim}
Você lutou por tanto tempo.
Evitou o contato. O olhar. O toque.
Tentou até evitar o pensamento. {Mera ilusão}
Mas foi inevitável...
Há certas coisas que te dominam de uma maneira tão intensa,
que te deixam incapaz de controlar a própria situação.
Você se sente insegura. Tomada por um desejo quase irrefreável.
Um desejo proibido. Impossível.
E na pior das hipóteses, não correspondido.
Trancada em seu quarto, fugindo da luz.
O escuro te invade. Penetra fundo. Reabre feridas. Nascem lágrimas...
E você continua, inevitavelmente, tentando esquecer TUDO. Todos.
E se for necessário, esquecer até de você mesmo.
As únicas provas de que nada se foi, são a dor e a saudade.
{Sim existem vestígios, por mais que você tente os ignorar}
Somente detalhes significativos são capazes de causar saudade e dor.
Emoções despertadas. Sonhos encerrados drasticamente.
Sentimentos reprimidos...
Tudo isso dentro de uma pessoa.
Você tenta entender os motivos.
{Quem sabe a proximidade do final do ano possa explicar!...Confusa, você tenta maquear o problema.}
Você procura culpados. {Só teme o próprio reflexo no espelho}
Se decepciona...
Aos poucos compreende que abrir mão de certas coisas,
por mais importantes que elas sejam,
é algo irrevogável.
E dói. Dói Muito...
Mas passa.
Assim você e todo ser humano desejam incondicionalmente!





"Sou vítima de mim mesmo.
De minhas próprias frases. Minha própria consciência.
Tenho procurado entender a minha vida.
Mas as conclusões a que cheguei, não são nada conclusivas...
Esperei o tempo necessário para compreender.
Que na verdade, não posso ter você" ♪
{Reação em Cadeia -Neurose}

"Ah se eu soubesse
Como fazer você me amar
Sem se ferir" ♪
{Reação em Cadeia - Confiança}

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Mero Detalhe...

Mero detalhe que machuca...

Eu vestia GG. Sim, eu era grande.
E na mesma proporção era o preconceito contra mim.
As pessoas nunca se preocuparam em avaliar meu interior.
Para qualquer situação o exterior era o mais valioso.
Isso me magoava. Muito. Profundamente.
Em um mundo onde a magreza é símbolo de beleza, eu me sentia excluída.
Era como se todo mundo sempre estivesse me olhando e apontando pra mim.
Se eu pudesse explicar esse sentimento, diria que ele é o pior do mundo. {Tah, talvez não seja, mas em alguns momentos se assemelha muito}
Aos poucos eu mudei...
Não por fora. Mas por dentro.
O GG ainda predominava em minhas roupas, mas eu me aceitava assim.
Os meus sentimentos, minhas idéias e meus sonhos eram do tamanho que eu desejava e não me importava se eram grandes demais aos outros.
Eu era assim. E seria assim. Eu precisava me aceitar.
Grande ou pequena o que eu queria era ser feliz.

Diariamente vemos que a magreza é exaltada, principalmente pelos jovens,
em busca da forma perfeita.
Como se o corpo ou o tamanho do manequim fossem determinantes na formação do caráter.
Independente do tamanho exterior, o que vale são os princípios que formam uma pessoa.
Ser grande ou pequeno é apenas um mero detalhe entre tantos fatores que
formam a nossa personalidade.