quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Aquela Busca...

Felicidade constante
silêncio também.
Duas buscas que
me rondam.
Atreve-te a cruzar
meu caminho
que eu te levo comigo.
No coração ou
pela mão.
Não me responsabilizo
por meus atos.
Pois o que busco é
o que nem sei
se existe...
Mas continuo buscando
pois se o mundo,
apesar de tudo,
ainda não parou,
quem sou eu
para ficar apenas
contemplando?





Me aventurando por novos gêneros?
Quem sabe...
Acho que é minha busca
alcançando novos horizontes!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Vida

Acho que eu nunca parei pra pensar sobre a duração de uma vida.
Nunca pensei que talvez amanhã eu não esteja mais aqui.
Hoje quando a morte tentou ocupar espaço em minha vida eu
realmente entendi que nós não somos donos do nosso tempo.
Quando eu estava na 5ª série eu tinha um amigo chamado Willy.
Ah, o Willy era muito legal. Era companheiro de futebol.
Sempre disposto a me ensinar alguns truques que todo goleiro deve saber.
Era o Willy também que tinha um corretivo com uma bolinha dentro,
e toda vez que ele usava, todo mundo escutava
aquela bolinha fazendo barulho.
Era ele que não gostava de escrever no lado 'mais mole' do caderno,
por que a letra dele ficava feia.
E depois da 5ª série, o Willy foi pro seminário estudar.
A gente se separou, praticamente nunca mais mantivemos contato,
a não ser quando nos cruzávamos pela rua.
Era desse Willy alegre e carismático que eu me lembrava até hoje.
E agora tudo mudou.
Acho que eram 10:15 quando ouvimos aquele estouro.
Corremos.
No fundo sabíamos que mais uma vez, algo tinha tombado no pátio da casa da vó.
Mas dessa vez foi pior.
Não foi um caminhão de comida, ou um de areia, ou de tijolos ou mesmo de carne.
Foi um ônibus que transportava vidas.
33 vidas expostas ao perigo mais mortal: a morte.
Choque. Medo. Lágrimas. Angústia.
Tudo me inundou de uma vez só.
Não sabia como agir. Não sabia o que fazer.
Até que eu o vi.
Ele estava lá, quase imperceptível,
preso no meio dos arbustos, com uma enorme árvore em cima dele.
Ele me viu.
Ele pediu ajuda:
-'Me tira daqui!'
-Sim Willy eu vou te tirar. Vai dar tudo certo.
Eu desmontei naquela hora.
Como eu iria tirar aquela árvore de cima dele?
Como? Eu queria ajudar.
Eu precisava ajudar. E eu ia ajudar. Mas como?
Naquele momento eu me senti a pessoa mais impotente de todo o mundo.
Meu amigo que há muito eu não via,
estava ali na minha frente,
sangrando, com muita dor, preso por uma árvore.
E eu ali, com minhas mãos, sem ter nenhuma forma de ajudar!
Gritei. Pedi ajuda.
Havia muita gente por perto.
Vieram as ambulâncias. Médicos.
Uma esperança.
Finalmente a árvore havia sido retirada.
O Willy com muito cuidado, estava sendo colocado na maca.
A perna estava muito machucada. Mas ele estava vivo.
VIVO!
Olhei ao meu redor e o pátio já estava repleto de meninos.
Choravam. Sangravam. Se abraçavam.
Agradeciam a Deus pela vida.
Pediam fervorosamente proteção para o Willy.
Recebi abraços. Consolo.
Mas meu mundo estava em choque.
Parece que naquele instante eu entendi como somos
pequenos comparados ao mundo.
Como nos achamos superiores.
Pensamos que podemos controlar nossa vida.
Que podemos administrar nosso tempo.
Que podemos fazer planos para o futuro.
Mas que futuro? Que garantia temos dele?
A vida nada mais é do que uma passagem. Uma curta passagem.
Mas nós insistimos em pensar que é eterna. Que acaba quando a gente decidir.
Sempre estamos preparados para o fim
até que ele nos alcança e vemos que todas as nossas convicções
não passaram de ilusão.
Não há como estar preparado para o fim de uma vida.
Não em situações extremas como essa.
O Willy é jovem. Tem planos. Sonha com um futuro.
Assim como qualquer um de nós.
E graças a Deus ele vai ter esse futuro.
Ele está vivo e isso é o fundamental.
A vida decididamente é uma incógnita.
E nós perdemos tempo tentando decifrá-la, quando na verdade
o segredo da vida está em simplesmente viver.
Viver o que há. Viver o que temos.
Viver hoje para quem sabe viver o amanhã.
Mas acima de tudo VIVER.
Willy, Deus está contigo.
Tua família, teus amigos.
Todos de alguma forma querem te ajudar,
por que querem que você viva esse seu futuro.
Mas, ainda mais importante do que o futuro, é viver.
E VIDA você já tem.
Vai dar tudo certo.




"A nossa vida nunca chega ao fim. Isto é, nunca termina no fim.
É como se alguém estivesse lendo um romance e achasse
o enredo enfadonho e, interrompendo, com um bocejo, a leitura,
fechasse o livro e o guardasse na estante.

E deixasse o herói, os comparsas, as ações, os gestos,
tudo ali esperando, esperando...
Como naquele jogo a que chamamos brincar de estátua.
Como num filme que parou de súbito"
(Mario Quintana)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ver mais além...

Eu tenho dois olhos que me permitem ver.
Na medida do possível, eles ainda exercem bem as suas funções.
Tenho uma pequena disfunção no olho esquerdo, mas nada
que me impeça de ver com determinada clareza.
Tenho uma boca que me permite falar.
Tenho ouvidos que me dão a capacidade de ouvir
(muito desenvolvida por mim).

Tenho um nariz que me permite sentir o cheiro
(desde o pão de queijo, até a terra molhada)
.
Possuo dois braços que me permitem abraçar
(e como gosto dessa função).

Duas pernas que me permitem correr, correr muito,
numa funga desenfreada de mim mesma.
Tenho uma cabeça e um cérebro que
me permitem raciocinar (nem sempre da melhor maneira).
E por fim, tenho também um coração
que sempre estraga todos os meus outros sentidos.
É uma infantilidade minha acreditar
que as pessoas tem apenas um lado bom.
Isso realmente não existe.
Todos nós, sem exceção temos um lado negativo também.
A maneira como mostramos ele ao mundo é que faz a diferença.
Ver só o lado bom das pessoas é algo extraordinariamente bom.
É ter ainda uma esperança de que o amor
é o sentimento mais importante de cada ser humano.
Mas ter capacidade de ver o lado negativo
sem julgar é claro, é fundamental.
Precisamos encarar a outra pessoa como um simples ser humano,
sujeito a erros e acertos durante a sua vida,
assim como qualquer um de nós.
Ver o lado negativo do outro nos ensina
a não criar um expectativa tão grande,
para que depois a decepção não cause tantos danos.
O pior de tudo é quando insistimos demais em idealizar alguém,
acreditando que só há o lado positivo e da pior maneira possível
acabamos descobrindo que isso é apenas uma fantasia.
Em minha vida, há inúmeras pessoas que possuem
o lado bom tão grande, mas tão grande mesmo,
que o lado ruim, mesmo existindo,
fica restrito à pequenos acontecimentos, como um mal humor
numa segunda-feira pela manhã.
Essas pessoas que se esforçam ao máximo
para deixar fluir apenas o lado bom, tem minha total admiração.
É nelas que eu penso todas às vezes que idealizo um ser humano cada dia melhor.
Mas como nem tudo na vida são flores,
há também aquelas pessoas que mostram o seu lado negativo,
mas que eu (tola) insistia em não ver.
Eu tento sempre imaginar alguém da melhor maneira possível.
Tento ver o lado bom, insisto em achar desculpas para os pequenos erros,
tento me colocar no lugar do outro, mas chega uma hora em que,
por mais que meu coração tente obstruir minha visão, tudo fica claro para mim.
Fica tão claro que dói. Machuca muito mesmo.
Todas aquelas idealizações que eu tinha criado foram por água abaixo.
Hoje entendo que eu via apenas quem eu queria ver.
Eu maqueava ao máximo qualquer coisa ruim que havia nessa pessoa,
por que era mais cômodo e menos dolorido para mim
ver apenas o que me fazia bem.
Como não pude perceber antes que todas aquelas palavras
ditas para mim (e eu achei que elas eram só para mim)
eram ditas também à qualquer outra?
Como não percebi que meus sentimentos foram expostos ao ridículo,
sem nenhuma compaixão?
Tive que ver e presenciar várias situações (e foram muitas as que eu ainda tentei esconder)
até que pude realmente enxergar com total clareza.
Eu descobri o lado ruim de alguém da pior maneira possível. Me machucando.
Todas as minhas expectativas tiveram de ser quebradas.
Todos os meus sentimentos tiveram de ser transformados em dor
para que finalmente, eu pudesse entender
que tentar ver só o lado bom não é mais suficiente.
Talvez você também já tenha tido
essas visões repentinas e saiba do que eu estou falando.
Acho que de tudo isso, o que mais vale para mim,
são essas pessoas boas (de verdade mesmo)
que eu tenho presentes em minha vida.
Hoje eu entendo todas as tentativas que elas realizaram comigo,
tentando abrir meus olhos da maneira menos dolorida.
Mas como parece que eu só aprendo com a dor,
tive que descobrir tudo sozinha, mais uma vez.
Me machucar para aprender. (Completamente tola)
Agora são exatamente 3:47 da madruga de sexta-feira,
05 de Fevereiro de 2010.
Não publiquei minha postagem nesse horário,
por que eu tenho certeza que o lado ruim de meus pais
iria aflorar quando eu ligasse o computador.
Talvez no início do texto você não tenha compreendido
quando eu disse que meu coração estragava tudo.
Espero que agora tenha ficado mais claro.
Para mim ficou. E quem sabe até claro demais.



Não adiantou fechar os olhos, pois continuo a enxergar.
Não adiantou deixar de ser, mas adiantou deixar de estar.
Não adiantou seguir seus passos, pois eu nem sei aonde estou .
Só adiantou eu te esquecer para voltar a me lembrar de quem eu sou!
Me diz por que, tudo acontece tão veloz assim?
Antes de eu ver, ja havia me perdido de mim.
Agora eu sei, vi o longo tempo que perdi.
Tentando ser o melhor pros outros e o pior pra mim.
Eu já não vou mais ser assim. ♪
(Fechar os Olhos - Valéria Costa)