domingo, 14 de março de 2010

Pedaços perdidos

E o tempo surgiu...
Mais rápido do que o desejado.
Mais devagar do que o esperado.
E ali nasceu algo.
Não há como descrever...
Sinta e tente desvendar(?)
Quem diria que isso alcançaria ares tão grandiosos?
Quem acreditava que o nada se transformaria em tudo?
Isso nem o coração explica.
Por que ele, apenas nos ensina a sentir.
E isso é tudo que nos resta.
Acreditar que pode dar certo?
Duvidar seria mais doloroso.
Não há meios que te façam ficar.
O que sobrou, está dentro de mim.
Vai se esvairando aos poucos.
E cada parte que se vai
leva uma parte minha também.
E isso é inevitável.
O começo foi algo bom.
E não há como apertar um botão,
para que os ponteiros do relógio parem.
Eles seguem. Assim como nós.
Continuarei com tudo que é meu e você continuará com tudo que é seu.
Buscarei o que perdi.
E inevitavelmente, seus pedaços não estarão no mesmo caminho dos meus.
Prolongamos o que havia por muito tempo.
Não há como seguir.
Antes tudo era mais constante. Agora nem os restos sustentam mais.
E hoje estamos aqui.
Completa-se o primeiro ano. E o que acontece?
Nada. Absolutamente nada.
Quem dera desde o princípio o nada estivesse presente.
Seguiremos como estamos.
E eu opto pelo silêncio.
Por que eu já disse tudo que havia para dizer.
Sobraram-me os sentimentos.
Mas infelizmente, esses estão sendo comandados por uma força maior do que eu.
Que o tempo passe...
E que tudo isso passe também.







Só nós dois sabemos que não se trata de sucesso ou fracasso.

Só nós dois sabemos que o que se sente, não se trata —

e é em nome deste intratável que um dia nos fez

estremecer, que agora nos separamos.

Para lá da dilaceração dos dias, dos livros,

discos e filmes que nos coloriram a vida,

encontramo-nos agora juntos na violência do sofrimento,

na ausência um do outro, como já

não nos lembrávamos de ter estado em presença.

É uma forma de amor inviável, que, por isso mesmo, não tem fim.”

(Martha Medeiros)






Um comentário:

  1. 'E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.' (Viciando cada vez mais no Caio)

    E então talvez se olhassemos com olhos novos todas as situações que nos ocorrem, veriamos que o que realmente nos acomete é o que vem antes do início e o que sobra depois do final. A travessia por si só pode apenas ter o gosto de dever cumprido, mas jamais superará o arrebatamento dos extremos. Vivemos procurando isso então.


    Beeijo Muri
    *-*

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