sábado, 23 de outubro de 2010

Um quase amor de verão

Em um dia qualquer, você se disponibiliza a aceitar um contato desconhecido.
Abre uma exceção, e não sabe nem bem o por quê.
Pensa consigo mesma: será apenas mais um papo trivial, coisa da vida moderna...

Inicia-se então a conversa. Aquele clichê inicial se estabelece.
Depois de uns tempos, a conversa toma rumos inesperados.
O papo flui livremente, e você nem percebe o tempo passando.
Antes de dormir, imersa em pensamentos, recorda que por um segundo pensou eu não aceitar nenhum tipo de exceção. Ainda bem que desconsiderou a ideia, por pelo menos um momento.

Dessa maneira, a conversa não era considerada uma obrigação. Acontecia em momentos providenciais.
Às vezes encontramos amigos assim, do nada, sem esperar. Acho que deveria ser sempre assim.
Expectativas nunca nos conduzem para o que realmente esperamos, então surpreender-se será sempre a melhor alternativa.

Alguns meses se passam e vocês se distanciam. Às conversas já não acontecem com tanta frequência, mas você nem liga muito, afinal desde que se conheceram tudo foi muito livre e assim seria melhor.
A vida seguia normalmente, como sempre deveria seguir.

A viagem programada há alguns meses, já estava se aproximando.
O destino previa lindas paisagens, incluindo o mar, seu refúgio e destino preferido.
Tudo seguia o rumo programado e a felicidade estava estampada em seu rosto.
As últimas conquistas haviam lhe trazido um novo olhar, uma nova esperança que antes estava perdida em algum lugar do quarto escuro.

Durante o passeio, alguns problemas ocorreram em seu meio de comunicação mais tradicional e por isso decidiu investigar a questão mais a fundo. Assim que conseguiu estabelecer sua conexão, escutou um chamado inesperado.
Assim do nada, depois de um longo silêncio entre os dois, recebeu um Oi, quanto tempo?

Se alguém lhe falasse que estava disposto a viajar de uma cidade à outra, num trajeto de quase duas horas, reservando um quarto de hotel para pernoitar, com a única e exclusiva vontade de te conhecer, você acreditaria?

E tem mais. Se ele conversasse com você olhando nos teus olhos, mostrando real interesse por tudo que você estava dizendo, mesmo que fosse uma bobagem cômica, causada pela ansiedade e pelo nervosismo, a fim de quebrar um clima de primeiro contato que se estabeleceu, e que depois ainda se mostrasse disposto a acordar antes das oito, em pleno sábado, para te acompanhar em uma caminhada matinal, perto do seu melhor refúgio: o mar.
Será que poderia ser real?

E se mais tarde, em mais uma surpresa, resolvesse ampliar sua estadia no hotel, a fim de te esperar depois de um passeio de estudos e assim que você chegasse, te levasse à um passeio e à um almoço, onde você ainda não consegue entender como o tempo passou tão, mas tão rápido. Ah, deve ser utopia, não é?

Nunca acreditou em contos de fadas, então porque isso deveria acontecer?  Ainda mais com ela, garota tímida onde o silêncio chega a transbordar, de tão evidente.

Hoje, ela conseguiu adquirir uma única certeza: abrir exceções sempre podem render uma boa história para contar. Sempre mesmo. E porque não, quem sabe, um quase amor de verão?

Hoje, ela já não duvida mais. A vida lhe ensinou a não duvidar. Só viver.
E se amanhã ela acordar e perceber que nada foi real, ela vai se contentar com as recordações.
Porque o primeiro quase amor de verão, a gente nunca esquece.



Foram momentos lindos. Obrigada por me tornar única naquele instante.
Me fez feliz, e isso eu vou guardar pra sempre.

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