Siga assim.
Você sabe, que depois de depois de depois,
você vai estar bem.
Até aqui, você superou quase tudo.
Mesmo que as marcas estivessem sempre ali.
Se você sabe que consegue, não tenha medo.
Se for preciso, se engane um pouco.
Minta. Finja que o sorriso é sincero.
Só não pare. Ande...
Ou quem sabe, flutue?
Mude o foco. Leia. Se esconda nesse seu mundo.
Você compreendeu que sentir nem sempre basta.
E a compreensão também introduz perdas.
Mas você sabe que é assim.
Então, não sofra.
Ou pelo menos escolha algo melhor para depositar sua dor.
Se você não pode cultivar o que existe hoje,
reúna forças para construir algo que um dia existirá.
Amanhã ou depois, a hora certa chega.
E você vai saber quando ela chegar.
Porque a gente sempre sabe.
Só às vezes finge que esquece.
"Parece-me agora, tanto tempo depois,
que as partidas-dolorosas, as amargas separações,
as perdas-irreparáveis cotumam lavrar assim
o rosto dos que ficam.
E do burraco da memória que ocupa agora o espaço
anteriormente ocupado por essa pessoa
- sim era uma pessoa que não lembro-,
em vez de faces, jeitos, vozes, nomes, cheiros, formas,
chegam-me somente emoções confusas
ou palavras como estas - doloroso,
amargo, irreparável."
(Caio Fernando Abreu)
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